domingo, 29 de junho de 2008

25 anos de São João em Campina Grande e procuro a grandeza da festa no esgoto.

O fim da festa nomeada O Maior São João do Mundo encerra, em minha opinião, o período da mais forte proliferação dos elementos anti-culturais que melam a cultura nordestina com o que há de mais podre na cabeça de alguns idiotas.
É a Maior descaracterização do São João do Mundo (quem sabe do universo). Nem o mais prostituto filho da mãe da face da Terra poderia imaginar a apenas meio século que a música popular brasileira se tornasse essa gigantesca putaria sem pudor de conteúdo tosco (desculpem o vocabulário, às vezes sinto a necessidade de descer o nível).

Será possível!!!

Na noite de abertura da festa, vem Aviões do Forró, uma porcaria de banda que não faz mais do que uma pornô-chanchada com trilha sonora ao vivo. E cantou seus maiores sucessos: aquela que fala de cabaré, aquela que fala em putaria, aquela que fala em bebedeira e cachaça, a outra que trata de sexo (com gemidos e tudo mais) e aquelas roedeiras de amor de corno. Sem falar naquelas que são releituras de péssimo gosto de músicas internacionais.
E o pior é que a massa gosta disso! É o que mais me revolta! A população, as mulheres, os adolescentes!!! Sem falar que utilizam em seu nome do forró, sujando a imagem do ritmo pelo país inteiro.

E nem se lembra mais por aqui que São João é um santo e por isso a festa tem, queiramos ou não, uma conotação religiosa.

Não vou citar toda a programação do evento, não é esse o objetivo (falar que teve Gatinha Manhosa, Ferro na Boneca, Saia Justa, a péssima Saia Rodada, o retardado Louro Santos, que tocou axé na festa que favorece o forró, Mela Pinto, Garota Safada, etc.).
Evitarei aquela conversa fiada de “não tenho nada contra quem gosta”. Tenho mesmo TUDO CONTRA quem gosta, ora! Se não tivessem idiotas que gostassem de ser chamadas de raparigas, não haveria idiotas que executassem estas atrocidades verborrágicas acompanhadas de trilha sonora repetitiva e débil.

Claro que a festa tem a finalidade inicial do lucro, do lado financeiro de tudo. Afinal de contas, O Maior São João do Mundo foi criado com esta intenção, de elevar a economia deficiente da cidade de Campina Grande. Isto é fato.
O foco da coisa é a música, que não traz absolutamente nada de positivo para a sociedade, para a juventude, enfim, para o bem da nação.

“AHH! MAS EU SÓ ESCUTO POR CAUSA DO RITMO, PRA DANÇAR!!!”

Não importa! O que interessa é que esta imundície polui a cabeça de quem escuta. A música é um fortíssimo agente formador de consciências e o conteúdo é imensuravelmente grotesco. Não adianta dizer que este lixo não tem conteúdo, pois as músicas têm letras que, apesar de podres, influenciam, então têm conteúdo. Existe a conduta dos roqueiros, daqueles que preferem a chamada MPB (na linha Caetano, Gil, Djavan), dos pagodeiros e também dos “forrozeiros”.
A música tem poder e infelizmente neste caso está sendo utilizada para sujar a nossa sociedade.

Eu conheci um sul rio-grandense que afirmou só conhecer Calcinha Preta e Aviões do Forró de bandas de forró enquanto ainda habitava no seu estado. Isto é uma pena, pois a fuleragem se expande ao mesmo tempo em que promove a repulsa pelo forró daqueles que não conhecem a nossa cultura.

É uma pena ter de conviver com isso todos os dias, em todos os momentos.

Faltam-me palavras para exprimir meu descontentamento e minha indignação neste momento.
Aos caras que fazem essa “música”, desejo boa sorte, pois a jornada deles não é longa. Uma hora, essa onda vai se desfazer. O problema são os resquícios deixados, que sempre dão novos frutos.

O verdadeiro culpado pela poluição não é o lixo, e sim os que consomem o produto que o gerou. Por isso, à população alienada e imbecilizada eu desejo melhoras.
E até o próximo ano!

Lei contra bebida nas rodovias brasileiras: fogo de palha

Assinada no dia 19 de junho de 2008 pelo presidente da República, Luís Inácio da Silva, a nova lei contra bebida nas estradas do país é uma das polêmicas mais açucaradas do momento.
Em um primeiro momento, a lei é belíssima, uma ótima intenção; com certeza uma das mais promissoras, já que muitos acidentes acontecem por conta de embriaguês. Todo mundo sabe que não é aconselhável beber antes de dirigir. O álcool afeta diretamente o sistema nervoso central do indivíduo, interferindo negativamente na coordenação motora e nos reflexos.

Sendo a bebida alcoólica uma grande causa dos acidentes de trânsito no Brasil, já estava mais que na hora de alguém tomar uma atitude enérgica em relação a este contexto. A partir de agora, quem estiver conduzindo um veículo com o mínimo de teor alcoólico no organismo (2 decigramas de álcool por litro de sangue, o equivalente a um chope), terá de pagar uma multa de 955 R$ e no flagrante, perde a sua carteira de habilitação. Além do que, se o cidadão beber o equivalente a dois chopes, a punição será acrescida de prisão de seis meses a três anos.
Mas é necessário que enxerguemos destas informações que já são veiculadas desde o dia 19. Será que esta será a definitiva solução para o problema da combinação álcool e direção? O que os brasileiros estão achando desta nova lei? Quais serão os seus efeitos na sociedade?

Como alguém que não tem esperança de que o país vai um dia melhorar, acredito que esta nova lei (apesar da ótima intenção de reduzir uma estatística lastimável) vai ser somente mais um alimento para a pança da corrupção no Brasil.
Quem bebe, é óbvio, achou a lei muito rígida; quem não bebe e se sente ameaçado por um trânsito permeado de bêbados imprudentes, crê que a lei será a solução para seus problemas.

Prisão?!

Será esta a melhor alternativa para este caso? Num país com população carcerária que pede socorro por não ter onde pisar!
Pense na quantidade de policiais corruptos que temos na nossa sociedade...
E o caso do cidadão que nunca colocou uma gota de bebida alcoólica na boca mas por comer alguma coisa que continha álcool, foi preso e vai ter que iniciar um processo na justiça para limpar sua ficha!
Quem bebe deve pagar sim! Mas aqueles que se sentem donos da lei com certeza irão lucrar bem mais do que punir os verdadeiros infratores.
E quem já viu um riquinho ser devidamente punido pelos seus erros cometidos? Duvido que algum filhinho de papai fique preso por dirigir inebriado. Duvido que eles paguem. Os de condição financeira inferior sim, esses vão pagar.

Todos são iguais perante a lei sim, mas a lei é que não é igual perante todos.

Não acredito de maneira alguma que isso vá resolver os problemas das estradas brasileiras. A verdade é que nada disso funciona no Brasil, porque o jeitinho brasileiro sempre está por aí pra sujar a boa conduta.
Duvido que algo mude sem que os verdadeiros responsáveis por toda a situação que desencadeou a lei tomem consciência: o povo. Se o povo não tomar noção da sua responsabilidade ao volante, esta lei vai fazer efeito enquanto durar a polêmica; depois vai passar a ser só mais um fator pra contribuir com os jogos sujos de quem não tem compromisso com a prudência e com quem se alimenta da corrupção.

sábado, 28 de junho de 2008

Valei-me, São João!

Não é o ideal, logo eu falar em festejos. Mas, tendo em vista a evasão fruto das férias que nos assolam e a minha inquietação quanto ao assunto, achei por bem tratar, neste, das comemorações do mês de junho. Há que se reconhecer, o esforço é considerável, embora as intenções sejam diversas. Comemorar não se sabe exatamente o quê durante um mês inteiro é coisa a se admirar. Eu me admiro, pelo menos.

Sim, eu sei, as justificativas são sempre as mesmas anualmente. A economia pede, o turismo aquece o comércio, a cidade também precisa de eventos culturais deste tipo para manter-se. Justamente este o problema: a motivação primeira é, agora, puramente financeira. E não me venham com discursos prontos do capitalismo, prerrogativas para justificar a falta de originalidade que o sistema inevitavelmente implica.

Embora não seja a pessoa mais envolvida em manifestações culturais regionalistas, admiro e apóio a celebração à tradição e à cultura de raiz. Contudo, não é bem isso que eu vejo nesses “trinta dias de festa”. Para os mais farristas, a oportunidade é ímpar, sem dúvida. E eu, que das festas só consigo aproveitar as escassas conversas interessantes, fico procurando, feito cego, as manifestações culturais que servem de apelo aos turistas. Pura propaganda enganosa.

Gostaria mesmo de ver as comemorações espontâneas, sem planejamentos orçamentários, nem música artificialmente formulada para agradar uma multidão que deveria vir para desfrutar das atitudes naturais da cultura local. Tudo se resume a uma competição boba, entre cidades que podiam muito bem unir-se para algo maior. Em lugar disso, disputam para ver quem tráz o forró descartável mais em cima nas paradinhas de sucesso.

Antes fosse só a música. Fui ao Salão do Artesanato, localizado ao lado do Shopping Iguatemi, e lá encontrei réplicas de cangaceiros ornados com strass e uma mesa pela bagatela de R$ 2.300. Só turista mesmo, que não sabe bem o que é tudo aquilo e, muito pior, não sabe o que tudo aquilo deveria realmente ser, para pagar tanto por uma mesa informe, mas chique demais por ser considerada “rústica” por “quem entende de estilo”.

O Maior São João do Mundo, em Campina Grande, ganha cada vez mais modismos e perde cada vez mais charme.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Geração de emprego através do transporte alternativo

O transporte alternativo se faz presente facilitando a locomoção da população, oferecendo geração de emprego e certa comodidade para quem mora distante dos grandes centros. Durante os festejos juninos, graças ao grande fluxo de pessoas na cidade os motoristas alternativos conseguem garantir um bom faturamento, já que as frotas de coletivos disponíveis são insuficientes para servir com qualidade e rapidez.

Apesar das árduas noites de trabalho, os motoristas ficam satisfeitos com a procura por seus serviços nessa época do ano. O São João garante, além das madrugadas em claro, uma fonte de geração de emprego com o transporte, a exemplo dos moto-taxistas, também irregulares em sua maioria.

Seu Dermeval dos Santos, 50, morador do bairro das Malvinas, é transportador em uma empresa de eletricidade. Quando sobra tempo, ou falta emprego, complementa sua renda com o transporte alternativo.

Ele acredita ser muito complicado trabalhar neste ramo, pois precisa sobreviver na ilegalidade e quando se é pego pela fiscalização, pode ser aplicada multa ou até mesmo haver a apreensão do veículo.

Com orgulho, demonstra ser defensor enérgico da legalização do transporte alternativo, pois como afirma “não faço nada irregular, só estou trabalhando. Meu carro é legalizado, não estou roubando ninguém e as pessoas usam o serviço por livre e espontânea vontade, não estou forçando ninguém a ir comigo”.

Seu Demerval conclui seu pensamento questionando o porquê de “um cidadão de bem, que paga seus impostos, é pai de família e precisa de um emprego, ter que estar fugindo da polícia? Que país é este, onde não se tem condições de trabalhar para sobreviver honestamente?”.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

INOCHI

Há um século fomos batizados com uma cultura – dentre as inúmeras que fazem parte dessa coisa meio que generalizada demais, porém tão particular justamente por esse motivo, que é a identidade brasileira – a qual, por razões alheias ao meu conhecimento consciente, sempre me interessou bastante. E quando aprendi um ideograma no idioma desse povo, graças a uma amiga que me instigou a curiosidade, senti-me satisfeito por dominar ao menos um dos incontáveis caracteres da escrita japonesa.

INOCHI (命) foi o que descobri, cuja significação traduz-se por “vida”. Uma vida que começou em junho de 1908, no porto de Santos, São Paulo, ao desembarcarem do Kasato Maru 781 vidas que buscavam um recomeço para a vida que fora levada pelo impacto atômico da guerra.

A terra do sol nascente deu seu jeito de florescer aqui e, cem anos depois, me encanto com a idéia de que também posso ter, enquanto brasileiro nato que sou, uma ínfima porção dessa cultura tão serena e encantadora correndo em minhas veias. E qual a criança que, hoje, não se agrada daquilo que mais comumente se importa de lá, os quadrinhos (mangas) e as animações (animes)? Foi assim que comecei a me aproximar desse povo. Pena que seja somente isso que se vê mais amplamente difundido, além da chocante idéia de se comer peixe cru.

De certo não há só isso para se admirar no Japão, e devo admitir minha curiosidade acerca do país. Tem até príncipe herdeiro que, por sinal, veio comemorar o centenário do ingresso do seu país no nosso, aqui também.

Tem gente que repudia essa invasão. Dizem que somos diferentes demais para sermos compatíveis. Discordo totalmente, uma vez que já somos formados parte por eles e, além do mais, aceitar modos de vida diversos não implica necessariamente em desprezar o próprio. Parabéns ao Japão por toda essa vida que, deles, também influiu para moldar a nossa INOCHI (命).

terça-feira, 17 de junho de 2008

Vida de Cão (em clima de despedida)


Vinicius de Moraes. Poeta, músico, diplomata (nas horas vagas), boêmio, amante do uísque – seu melhor amigo, o “cachorro engarrafado”. Nove casamentos, incontáveis amigos, inúmeros parceiros musicais. Foi poeta e amou na vida.
Ainda assim, foi ele mais triste que os mais tristes. Palavras de quem entendia do assunto:

"Tristeza não tem fim/Felicidade sim"

"Quero dizer-vos minha tristeza/Minha saudade e a dor/A dor que há no meu canto"

"Eu sempre tive uma certeza/Que só me deu desilusão/É que o amor é uma tristeza/Muita mágoa demais para um coração"

"Se tu queres que eu não chore mais/Diga ao tempo que não passe mais"

"Ah, coração, infeliz até quando?/Para ser feliz/Tu vais morrer de dor"

"De repente não mais que de repente/Fez-se de triste o que se fez amante/E de sozinho que se fez contente."

"Ah, meu amor não vais embora/Vê a vida como chora, vê que triste esta canção"

"Sou eu, o poeta, quem diz/Vai e canta, meu irmão/Ser feliz é viver morto de paixão."

"Se não tivesse o amor/Se não tivesse essa dor/E se não tivesse o sofrer/E se não tivesse o chorar/Melhor era tudo se acabar"

"Eu nem sabia o que era o amor/Agora sei porque não sou feliz"

"Me faça sofrer/Ah me faça morrer/Mas me faça morrer de amar"

"É, meu amigo, só resta uma certeza, é preciso acabar com essa tristeza/É preciso inventar de novo o amor."

"Vai minha tristeza/E diz a ela que sem ela não pode ser"

"Eu vou sozinho sem carinho/Vou caminhando meu caminho/Vou caminhando com vontade de morrer"

"Minha alma é triste/Como o chão deste cerrado/Que se estende desolado/Por mil léguas de silêncio e solidão"

"Mas deixe a lâmpada acesa/Se algum dia a tristeza quiser entrar/E uma bebida por perto/Porque você pode estar certo que vai chorar"

"A tristeza tem sempre uma esperança/De um dia não ser mais triste não"

"Tristeza que vai, tristeza que vem/Sem você meu amor eu não sou ninguém."

"Pois seja muito feliz/Infeliz já sou eu/Pra sofrer sofro eu"

"É melhor se sofrer junto/Que viver feliz sozinho"

"Se chegue, tristeza/Se sente comigo/Aqui, nesta mesa de bar/Beba do meu copo/Me dê o seu ombro/Que é para eu chorar/Chorar de tristeza/Tristeza de amar."

Voltando aos cães, deles tiro a conclusão de que a tal felicidade, tão sonhada pelo poetinha, existe de fato.
Quando vejo a explosão de alegria de um cachorro de minha tia, apenas por saber que ela acaba de chegar a casa; ou seu olhar carente, plenamente recompensável com dois ou três afagos – correspondidos com eufóricos abanos de rabo; ou quando vai passear de carro até o petshop, três ou quatro quarteirões; ou quando recebe alguma comida atípica, diferente da ração habitual.
Tantas demonstrações de felicidade, originais e sinceras, levam-me a achar interessante a tal “vida de cão” – portanto, agradeço pelo gracioso adjetivo canino que tanto me oferecem.

Com o perdão das intertextualidades...
Caro Vinicius, você que inventou a tristeza, ora tenha a fineza de desinventar.
Caríssimo Deus, tu, que pra me jogar no mundo tinhas o mundo inteiro, por que me fizeste triste? Por que não me fizeste cão?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A César o que é de César

Por Juliana Leite
Falar em dignidade sobre qualquer aspecto, em um país como o Brasil em que significativa parte da população sobrevive em um estado de miséria, onde famílias inteiras compostas por cinco ou seis membros partilham de um único pão para o sustento de um dia inteiro, quando muito se tem, ou ainda, quando crianças de cinco anos, ou menos até, são submetidas ao trabalho escravo e desumano; no mínimo põe em questão temáticas enraizadas na sociedade e de cada ser a ela pertencente.

Somos reflexo de uma sociedade em colapso, que encontra-se tão deturpada, que necessário mesmo é que se adotem medidas, não de caráter perecedor e imediatista que alcancem apenas as folhas visivelmente podres da referida instituição. Precisamos, de fato, de medidas urgentes e transformadoras, podendo inclusive dizer revolucionárias e bem pensadas, que transpasse as mazelas visíveis e penetrem até as ervas daninhas, para atenuar, e quem sabe pôr fim, as devastadoras desigualdades sociais e econômicas que assolam toda a nação.

Precipuamente, devemos nos questionar quanto à aplicabilidade e eficácia, ou não, da Lei maior vigente, que é a Constituição Federal, que rege o Estado Democrático de Direito no qual vivemos. Uma vez que ela existe sob o pressuposto de solucionar, pacificamente, as controvérsias existentes no complexo social, e é ela que institui todas as garantias - a vida, a liberdade, a educação, a saúde, a moradia, o lazer, a segurança, a assistência aos desamparados - e direitos, assim como estabelece os deveres, individuais e coletivos.

Dentre muitos dos princípios fundamentais elencados na nossa Constituição Federal, verifica-se o da dignidade, compreendendo esta como as condições, no mínimo, básicas para a subsistência de qualquer ser humano independente de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; a qual nos permite concluir que além de sermos todos iguais perante a lei, ela também deve ser garantidora da estabilidade social e humana.

Já em desuso, o antigo método do “olho por olho, dente por dente”, nominalmente conhecido por Código de Hamurabi, no qual todos os litígios surgidos no convívio social eram solucionados pelo próprio particular, ficando a seu critério a aplicação de sanções muitas das vezes de caráter cruel, como bem evidencia o lema do referido Código, o qual buscava retribuir em semelhante intensidade o dano sofrido pela vitima, ao causador. Superada essa fase, o Estado chamou para si a responsabilidade de, de forma parcial interferir na relação entre particulares, visando assegurar os direitos sociais e individuais das partes, todavia, aplicando sanções não mais infundadas, e sim respeitando a legalidade, ou seja, as leis postas.

Na prática, o meio pelo qual, atualmente, podemos argüir e reivindicar alguma pretensão sob a finalidade de dirimir conflitos é através do Poder Judiciário, por intermédio dos seus órgãos judicantes, que, vergonhosamente, estão assoberbados com um amontoado de processos, devido à burocracia que prevalece no sistema jurisdicional brasileiro.

Por fim, no momento em que o Estado fizer valer o que consta na nossa Carta Magna, prestando a devida assistência, fazendo investimentos adequados, a começar da educação, veremos um marco na história do Brasil; o rompimento da atual estrutura, em paralelo com o processo de conscientização da população, com a qual esta poderá usufruir de capacitação suficiente para que se construa uma nova realidade que refletirá diretamente na própria sociedade.
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Comentário final: contextualizado em notícias que ouvi nessa manhã pela rádio, que em um breve retrospecto comentaram: o recente apagão aéreo, a CPI dos cartões coorporativos, dentre inúmeras outras CPI’s que de nada valeram, e no iminente caos no sistema penitenciário brasileiro, que sem sombra de dúvidas será tema para capas e manchetes de jornais, mas que novamente veremos prevalecer a inércia e a incompetência do Estado no qual vivemos.

domingo, 15 de junho de 2008

Pare, olhe, escute, desligue.

Assistir TV é hábito nacional, isso não se pode negar. Tampouco pode-se contestar a força que a programação exerce sobre as pessoas de menos impulso crítico. Mas inegável mesmo é a falta de programação instigante para quem procura na pretensamente chamada “caixa mágica” algo além do que imagens brancas de relevâncias e palavras mudas de um mínimo de raciocínio. A única mágica que tenho admirado na TV, ultimamente, é o poder absoluto de um único botãozinho, geralmente o primeiro na diagramação dos controles remotos, o qual me dota da tão maravilhosa capacidade de desligar o aparelho.

Aberta ou a cabo, não importa. A diferença entre estas é que na última paga-se para desligar o aparelho. Tantas as alternativas: escolher sempre entre o nada e o coisa alguma, entre centenas de canais nos quais nunca se passa mais de quinze minutos sem se sentir tentado – seja pela monotonia recorrente das apresentações, seja pela imbecilidade de achar que o dinheiro desprendido deve ser valorizado dando atenção a todas as opções pelas quais se paga para não prestigiar – a dar uma olhadinha no que o canal vizinho tem a oferecer, o que vem a ser, sempre, um outro convite para o próximo e o próximo e mais outro, até completar a volta e chegar ao canal de partida, no meio de uma atração da qual não se entende nada: primeiro porque mais quinze minutos se passaram desde que este primeiro canal foi deixado para a volta olímpica do controle remoto; segundo porque simplesmente nunca se precisa entender realmente o que há na TV, basta fitar, ouvir e babar.

Obviamente, nem tudo é um inferno. Mas chegar ao paraíso é, como de costume ouvimos pelos religiosos, trabalho árduo e sacrificante. Porque as fórmulas são sempre as mesmas, réplicas de tudo que se copia, refaz, imita em todo lugar. Redundância visual que descartaria a necessidade acima descrita de vasculhar as inúmeras opções, não fosse a alienação de que caracteres diferentes e musiquinhas abobalhantes fazem completa diferença no conteúdo. Assistir TV com alguma originalidade tem sido raro, devido à crença – que não sei de onde diabos surgiu – de que a audiência clama por esterilização e uniformidade.
Sidney Andrade, meio confuso, todo instável.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Ao Mestre com Carinho


Desculpem, amigos! Mas não é sobre o brilhante e clássico filme (To Sir, With Love), que refletiu alguns dos problemas e medos dos adolescentes dos anos 60, expondo, desde já, as precárias e difíceis condições vivenciadas por professores em sala de aula, que irei "estrear" nesse nosso blog! Recorro ao título do filme estrelado pelo genial Sidney Poitier (parece que o nome Sidney acompanha os bons!) para divagar, no intuito de acalentar uma dor incessante, sobre alguém que soube, em vida, de forma brilhante, me ofertar verdadeiras e eternas lições.
No dizer shakespereano, "o que começou bem não pode acabar mal.” Assim, amigos, na eterna condição de aprendiz que a vida, invariavelmente, nos impõe, concomitantemente ao fato de se aproximar do primeiro ano sem a presença física, firme e sempre serena, do meu avôhai (avô e pai, no dizer do nosso Zé Ramalho), não poderia iniciar minhas postagens no nosso blog sem partilhar com leitores, críticos, amigos e colaboradores a homenagem que faço a quem foi/é e será, “dentro da eternidade e a cada instante”, como diria o poetinha Vinícius de Moraes, o meu eterno mestre de vida: João Olímpio, exemplo raro da integridade de um homem. E, como ele mesmo dizia, com agá maiúsculo!
Esse texto é pra você, meu mestre!

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Ah, João Olímpio, quanta falta! Como aprendi, meu mestre, com a tua mão a me acolher como avô/pai e a me conduzir, ainda pequenino, como se a me mostrar, posteriormente, os diversos caminhos que a vida certamente nos põe à frente, sempre a me apontar o melhor! Como aprendi com o calor e com a verdade dos teus abraços, sempre com a frase, em meios aos nossos lacrimejados olhos, “você conta sempre comigo, meu filho”, ainda a ecoar pelos meus ouvidos e, no momento, geradora de várias dúvidas: com quem contar agora, meu mestre, se já não mais estás ao meu lado? Como encontrar forças sem ti, se sempre foste o meu porto-seguro, o meu constante refúgio?
Como aprendi, meu mestre, com a firmeza das tuas opiniões, lúcidas, serenas e sempre repletas da mais singela sabedoria! Aprendi, meu mestre, até com as nossas brincadeiras, com as nossas gargalhadas, com as suas anedotas, que só nos revelam que a vida tem que ser sempre encarada pelo seu aspecto positivo, ainda que as circunstâncias não nos sejam muito favoráveis! Aprendi e muito, meu velho, ouvindo tuas histórias, que careciam sempre de Sezino, Olímpio ou Salatiel para serem “confirmadas”! “Deixe Salatiel passar por aqui pra você ver se não é verdade?”, desafiavas-me, em meio às minhas palhaçadas, como se precisasses provar algo que todos sempre soubemos ser plenamente verdadeiro. Quanta saudade da tua paciência e do teu respeito ao me ouvir e ao me pedir, serenamente: “tenha calma, meu filho!” E agora, João, quem me escuta? Enfim, meu velho, quanta falta me fazes!
No exato momento em que descansaste do sofrimento físico, quis a vontade divina que não estivesse ao teu lado. Algumas horas após a tua partida, estava, solitariamente, diante de ti, cena que já prenunciava a grandiosidade da tua ausência futura, na certeza de que não mais teria de ti o apoio sempre encontrado. Mesmo sentindo e muito a tua ausência física, meu velho, sei que jamais me abandonaste. A sensação de tua presença constante é semelhante à descrição feita pelo genial Fernando Pessoa, nas palavras de Alberto Caeiro, quando retrata a cumplicidade com a ‘Criança Eterna’, que desce dos céus e passa a viver na companhia do poeta.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
(...)
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
(...)
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Assim, João Olímpio, guardarei de ti a lembrança de um homem que foi professor sem quase ter freqüentado a escola: conhecias como poucos a arte de deformar verdades feitas. Ao mesmo instante, tu entendias demais da miséria humana, da pequenez de tantos pobres diabos que rastejam seu cotidiano sob o sol lá do nosso sertão. Por isso, meu velho, jamais possuíste qualquer sentimento mesquinho contra quem quer que fosse e jamais praticaste qualquer ação reprovável em tuas empreitadas pela vida. Jamais foste vencido pela inveja, pelo ódio, pela cupidez, em tempo nenhum por motivo nenhum. Viver pobre, mas em paz com a própria consciência, era o teu paradigma da vida confortável.
Então, meu mestre, brincando com os meus sonhos e dormindo dentro da minha alma, nos mínimos detalhes, reafirmas para todos que não existe morte, na exata medida em que continuas comigo, seja no pranto ou no gozo, “vivemos juntos e dois/ Com um acordo íntimo/ Como a mão direita e a esquerda”, tal qual no fragmento de Pessoa. O que existe, meu velho, é o lado direito e avesso da mesma e indivisível vida, e é exatamente isso que nos une e nos concede a esperança de, outra vez e sempre, estarmos juntos para o recomeço.

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LAPADINHAS

  • Ao Mestre com Carinho (To Sir, With Love) é, para muitos críticos de cinema, o filme que melhor ressalta o trabalho do ator Sidney Poitier, que interpreta o professor Mark Thackeray, um engenheiro desempregado que resolve dar aulas em Londres, no bairro operário de East End. Vale a pena conferir!

  • Onde estão as meninas do nosso curso que até agora não postaram nada? Precisamos saber o que anda pensando o universo feminino do jornalismo 2008.1 da UEPB !

  • Ficam aqui o registro e a sugestão: o que vocês acham de criarmos uma divisão rotativa quanto à produção do blog? Explicando: cada um de nós ficaria responsável por postar em determinado dia, havendo assim uma rotatividade que, a meu ver, tanto é imprescindível quanto produtiva. Evidentemente, que, havendo assunto e conteúdo para serem postados, poderíamos publicar a qualquer hora. Mas com essa divisão, acredito, colocaríamos o 'Enfoques', de uma vez por todas, pra frente. Espero comentários!

  • Outra sugestão: o que acham de iniciarmos o programa na rádio com uma discussão sobre cultura popular? Para isso, pensei em chamarmos Sebá para uma espécie de entrevista sobre o tema e, a partir daí, iríamos conduzindo essa espécie de mesa-redonda. Creio que, devido à grande abrangência do tema, poderíamos dedicar os dois primeiros programas discutindo essas questões, convidando outra pessoa para debater conosco. O que acham?

  • "Não chora, não chora, não chora! Não chora, não chora, não chora! Não chora, não chora, não chora! Segunda divisão! " ou "Cazá, cazá, cazá, cazá, cazá. A turma é mesmo boa. É mesmo da fuzarca. Sport! Sport! Sport! " Decidam qual o melhor!

Leonardo Queiroga, atendendo ainda por "Charlis", "CL" ou pelo deplorável "De la Viega"

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Brasil,um país de tolos!

Mais uma vez nós cidadãos somos presentiados por uma manobra governista no intuíto de alcançar fundos com o belíssimo pretexto de aumentar os recursos destinados a saúde.Ora não me venham com uma dessas,só algum idiota não sabe que parte de alguma desses R$ 11,8 bilhões em 2009, R$ 12,9 bilhões em 2010 e R$ 14,2 bilhões em 2011 serão destinados realmente para a saúde que há tempos está sucatiada em nosso país.
A CSS foi aprovada em votação realizada ontem na Câmara dos Deputados e segue agora para a aporvação,quase certa,no Senado. Ao analisar essas manobras de parlamentares me recordo de um texto do jornalista Arnaldo Jabor que fala que nós somos muito malvados e não merecemos um Congresso tão "bondoso" e interessado no que realmente importa para a sociedade. Quando a CPMF foi extinta o nosso adorável presidente cogitou a possibilidade do país se tornar ingovernável sem os bilhões que perderia sem o imposto mas o que se viu nesses meses sem o imposto do cheque foi um aquecimento da economia e o crescimento do Brasil no cenário econômico internacional. O presidente Lula só poderia estar brincando ao pronunciar semelhante, se me permitem a palavra pejorativa,babaquice ou então ele pensa que o povo brasileiro não entende de economia,é sim possível diminuir impostos e em consequência disso atenuar as diferenças sociais que prejudicam desde sempre nosso povo.
Mas não percamos as esperanças,esse governo populista está aí para resolver problemas e assim espero que ele o faça.
Silas Batista(Magnata)

terça-feira, 10 de junho de 2008

Lisura Jornalística

Lisura: s. f., qualidade de liso; macieza; fig., sinceridade, lhaneza, franqueza.
Diz-se do grande jornalista aquele que trabalha com a maior lisura possível. No meu dicionário nunca antes coube com tanta evidência a tal palavra.

Eu e Silas trabalhamos com 100% de lisura nesse último domingo no "Trem do Forró" (Expresso Forroviário).
Explicando: ao desembarcar no distrito de Galante, temos a resposta: "Apenas às três horas da tarde é que o trem retornará").

Estávamos, como se diz, mais lisos que sovaco de santo, mais lisos que pau de sebo, mais lisos que piso de granito, mais lisos que bumbum de neném.

Apelou-se para o bom coração dos vendedores de camarão:
"Ô do camarão, chega cá! Olha, nós somos do site 'Repórter Junino' (mostrando o crachá), queremos fazer uma entrevista rápida com você. Diga, o que você está achando da organização do evento? As vendas estão boas? Passa 4 camarõezinhos pra cá..."
Nessa brincadeira, almoçamos uns 30 camarões, pelo menos. Sem despediçar nem mesmo os bigodes.

Em determinado momento começa a chover. Forte. Forte pra c*.
Nos abrigamos debaixo da tenda de uma barraquinha de "filé-miau".
Por sorte, tinha uma brechinha por onde escorria nosso precioso acompanhamento de almoço: água da chuva.

Fora isso, muito forró, muito calor, muito etanol, muitas profissionais e amadoras. Valeu a experiência.


Taiguara Rangel, vulgo "Maria"

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Exploração Sexual Musical

Inaugurar este bendito "in fucks".
Algo que corresponde ao atual estágio de exploração sexual musical e que, infelizmente, não foi escrito por nenhum de nós - ainda. Algum candidato?

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Artigo de autoria de José Teles, crítico musical, publicado no Jornal do Commercio online, em 06.05.2008
http://jc.uol.com.br/2008/05/06/not_167957.php


'Tem rapariga aí? Se tem levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão.
Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, de todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam).

Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhando uma música da banda Calipso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou. Pruma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas.

Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo.

O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético,. Pior, o glamur, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo. A cantora Ceca foi uma espécie de Ivete Sangalo do turbo folk (ainda está na estada, porém com menor sucesso). Foram comprados 100 mil vídeos do seu casamento com Arkan, mafioso e líder de grupo para-militares na Croácia e Bósnia. Arkan foi assassinado em 2000. Ceca presa em 2003. Ela não foi a única envolvida com a polícia, depois da queda de Milosevic, muitos dos ídolos do turbo folk envolveram-se com a justa pelo envolvimento com a poderosa máfia de Belgrado.A temática da turbo folk era sexo, nacionalismo e drogas. Lukas, o maior ídolo masculino do turbo folk pregava em sua música o uso da cocaína. Um dos seus maiores hits chama-se White (a cor do pó, se é que alguém ignora), e ele, segundo o Guardian, costumava afirmar: 'Se cocaína é uma droga, pode me chamar de viciado'.

Esteticamente, além da pouca roupa, a sanfona é o instrumento que se destaca tanto no turbo folk quanto no chamado forró eletrônico, instrumento decorativo, ali muito mais para lembrar das raízes da música tradicional. Ressaltando-se que não se tem notícia de ligação entre bandas de 'forró' e crime organizado. No que elas são iguaizinhas é que proliferaram em meio a débâcle de valores estéticos, morais, e éticos, e despolitização da juventude. Com a volta da governabilidade nas repúblicas da antiga Iugoslávia, o turbo folk perdeu a força, vende ainda porém muito menos do que no passado, hoje é apenas uma música popular para se dançar, e não a trilha sonora de um regime condenado por, entre outras lástimas, genocídio.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção ?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.