sábado, 28 de junho de 2008

Valei-me, São João!

Não é o ideal, logo eu falar em festejos. Mas, tendo em vista a evasão fruto das férias que nos assolam e a minha inquietação quanto ao assunto, achei por bem tratar, neste, das comemorações do mês de junho. Há que se reconhecer, o esforço é considerável, embora as intenções sejam diversas. Comemorar não se sabe exatamente o quê durante um mês inteiro é coisa a se admirar. Eu me admiro, pelo menos.

Sim, eu sei, as justificativas são sempre as mesmas anualmente. A economia pede, o turismo aquece o comércio, a cidade também precisa de eventos culturais deste tipo para manter-se. Justamente este o problema: a motivação primeira é, agora, puramente financeira. E não me venham com discursos prontos do capitalismo, prerrogativas para justificar a falta de originalidade que o sistema inevitavelmente implica.

Embora não seja a pessoa mais envolvida em manifestações culturais regionalistas, admiro e apóio a celebração à tradição e à cultura de raiz. Contudo, não é bem isso que eu vejo nesses “trinta dias de festa”. Para os mais farristas, a oportunidade é ímpar, sem dúvida. E eu, que das festas só consigo aproveitar as escassas conversas interessantes, fico procurando, feito cego, as manifestações culturais que servem de apelo aos turistas. Pura propaganda enganosa.

Gostaria mesmo de ver as comemorações espontâneas, sem planejamentos orçamentários, nem música artificialmente formulada para agradar uma multidão que deveria vir para desfrutar das atitudes naturais da cultura local. Tudo se resume a uma competição boba, entre cidades que podiam muito bem unir-se para algo maior. Em lugar disso, disputam para ver quem tráz o forró descartável mais em cima nas paradinhas de sucesso.

Antes fosse só a música. Fui ao Salão do Artesanato, localizado ao lado do Shopping Iguatemi, e lá encontrei réplicas de cangaceiros ornados com strass e uma mesa pela bagatela de R$ 2.300. Só turista mesmo, que não sabe bem o que é tudo aquilo e, muito pior, não sabe o que tudo aquilo deveria realmente ser, para pagar tanto por uma mesa informe, mas chique demais por ser considerada “rústica” por “quem entende de estilo”.

O Maior São João do Mundo, em Campina Grande, ganha cada vez mais modismos e perde cada vez mais charme.

Um comentário:

Anônimo disse...

pois é.
mas é de se imaginar.
a festa foi criada antes de tudo para elevar a economia deficitaria da cidade, que sofria com os efeitos da decada perdida.
se voce pegar os jornais da epoca, vai ter noção da crise.
o Mior São João do Mundo veio pra tentar elevar a auto-estima do povo campinense.
e pelo visto, ainda consegue fazer isso... o único problema é que é justamente o povo quem menos vem participando da festa.