domingo, 15 de junho de 2008

Pare, olhe, escute, desligue.

Assistir TV é hábito nacional, isso não se pode negar. Tampouco pode-se contestar a força que a programação exerce sobre as pessoas de menos impulso crítico. Mas inegável mesmo é a falta de programação instigante para quem procura na pretensamente chamada “caixa mágica” algo além do que imagens brancas de relevâncias e palavras mudas de um mínimo de raciocínio. A única mágica que tenho admirado na TV, ultimamente, é o poder absoluto de um único botãozinho, geralmente o primeiro na diagramação dos controles remotos, o qual me dota da tão maravilhosa capacidade de desligar o aparelho.

Aberta ou a cabo, não importa. A diferença entre estas é que na última paga-se para desligar o aparelho. Tantas as alternativas: escolher sempre entre o nada e o coisa alguma, entre centenas de canais nos quais nunca se passa mais de quinze minutos sem se sentir tentado – seja pela monotonia recorrente das apresentações, seja pela imbecilidade de achar que o dinheiro desprendido deve ser valorizado dando atenção a todas as opções pelas quais se paga para não prestigiar – a dar uma olhadinha no que o canal vizinho tem a oferecer, o que vem a ser, sempre, um outro convite para o próximo e o próximo e mais outro, até completar a volta e chegar ao canal de partida, no meio de uma atração da qual não se entende nada: primeiro porque mais quinze minutos se passaram desde que este primeiro canal foi deixado para a volta olímpica do controle remoto; segundo porque simplesmente nunca se precisa entender realmente o que há na TV, basta fitar, ouvir e babar.

Obviamente, nem tudo é um inferno. Mas chegar ao paraíso é, como de costume ouvimos pelos religiosos, trabalho árduo e sacrificante. Porque as fórmulas são sempre as mesmas, réplicas de tudo que se copia, refaz, imita em todo lugar. Redundância visual que descartaria a necessidade acima descrita de vasculhar as inúmeras opções, não fosse a alienação de que caracteres diferentes e musiquinhas abobalhantes fazem completa diferença no conteúdo. Assistir TV com alguma originalidade tem sido raro, devido à crença – que não sei de onde diabos surgiu – de que a audiência clama por esterilização e uniformidade.
Sidney Andrade, meio confuso, todo instável.

5 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Após ler mais um brilhante texto de Sidney, lembrei-me das palavras do mestre Nilton Santos ao ver, pela primeira vez, Garrincha, que naquele treino jogava contra a "Enciclopédia do Futebol". Absolutamente pasmo com tamanha genialidade, Nilton profetizou: "esse cara tem que jogar sempre no meu time!" E assim ambos deram muitas e muitas alegrias ao torcedor botafoguense. Assim, meus caros, graças a Deus, o nosso "Tonzinho", mesmo insistindo e querendo não ser fera, é de 2008.1!

Unknown disse...

Devo reconhecer 'xuxu', que nesse dia certamente voce estava muito inspirado!
Não poderia deixar jamais de comentar que sem duvida alguma, hoje, vc so escreve tao bem assim graças as nossas ilustres, marcantes, profundas aulas de portugues... que inegavelmente so nos beneficia!

bombou sidney!

:)

Silas Magnata disse...

Mais uma vez rendo-me á genialidade, embora acho que me arrependerei disso, desse "senhor" que exalta-nos com suas palavras completas de sabedoria e clareza que nos deixam bestificados(poeta off).Parabéns Sidney mais uma vez seu texto nos faz refletir, embora Cléa não o dará o mesmo valor que nós.hehehehehehe

Taiguara Rangel disse...

Valeu tonzim!
Troféu Gurjão pra vc, boy
kkkkkkk