Desculpem, amigos! Mas não é sobre o brilhante e clássico filme (To Sir, With Love), que refletiu alguns dos problemas e medos dos adolescentes dos anos 60, expondo, desde já, as precárias e difíceis condições vivenciadas por professores em sala de aula, que irei "estrear" nesse nosso blog! Recorro ao título do filme estrelado pelo genial Sidney Poitier (parece que o nome Sidney acompanha os bons!) para divagar, no intuito de acalentar uma dor incessante, sobre alguém que soube, em vida, de forma brilhante, me ofertar verdadeiras e eternas lições.
No dizer shakespereano, "o que começou bem não pode acabar mal.” Assim, amigos, na eterna condição de aprendiz que a vida, invariavelmente, nos impõe, concomitantemente ao fato de se aproximar do primeiro ano sem a presença física, firme e sempre serena, do meu avôhai (avô e pai, no dizer do nosso Zé Ramalho), não poderia iniciar minhas postagens no nosso blog sem partilhar com leitores, críticos, amigos e colaboradores a homenagem que faço a quem foi/é e será, “dentro da eternidade e a cada instante”, como diria o poetinha Vinícius de Moraes, o meu eterno mestre de vida: João Olímpio, exemplo raro da integridade de um homem. E, como ele mesmo dizia, com agá maiúsculo!
Esse texto é pra você, meu mestre!
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Ah, João Olímpio, quanta falta! Como aprendi, meu mestre, com a tua mão a me acolher como avô/pai e a me conduzir, ainda pequenino, como se a me mostrar, posteriormente, os diversos caminhos que a vida certamente nos põe à frente, sempre a me apontar o melhor! Como aprendi com o calor e com a verdade dos teus abraços, sempre com a frase, em meios aos nossos lacrimejados olhos, “você conta sempre comigo, meu filho”, ainda a ecoar pelos meus ouvidos e, no momento, geradora de várias dúvidas: com quem contar agora, meu mestre, se já não mais estás ao meu lado? Como encontrar forças sem ti, se sempre foste o meu porto-seguro, o meu constante refúgio?
Como aprendi, meu mestre, com a firmeza das tuas opiniões, lúcidas, serenas e sempre repletas da mais singela sabedoria! Aprendi, meu mestre, até com as nossas brincadeiras, com as nossas gargalhadas, com as suas anedotas, que só nos revelam que a vida tem que ser sempre encarada pelo seu aspecto positivo, ainda que as circunstâncias não nos sejam muito favoráveis! Aprendi e muito, meu velho, ouvindo tuas histórias, que careciam sempre de Sezino, Olímpio ou Salatiel para serem “confirmadas”! “Deixe Salatiel passar por aqui pra você ver se não é verdade?”, desafiavas-me, em meio às minhas palhaçadas, como se precisasses provar algo que todos sempre soubemos ser plenamente verdadeiro. Quanta saudade da tua paciência e do teu respeito ao me ouvir e ao me pedir, serenamente: “tenha calma, meu filho!” E agora, João, quem me escuta? Enfim, meu velho, quanta falta me fazes!
No exato momento em que descansaste do sofrimento físico, quis a vontade divina que não estivesse ao teu lado. Algumas horas após a tua partida, estava, solitariamente, diante de ti, cena que já prenunciava a grandiosidade da tua ausência futura, na certeza de que não mais teria de ti o apoio sempre encontrado. Mesmo sentindo e muito a tua ausência física, meu velho, sei que jamais me abandonaste. A sensação de tua presença constante é semelhante à descrição feita pelo genial Fernando Pessoa, nas palavras de Alberto Caeiro, quando retrata a cumplicidade com a ‘Criança Eterna’, que desce dos céus e passa a viver na companhia do poeta.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
(...)
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
(...)
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
Assim, João Olímpio, guardarei de ti a lembrança de um homem que foi professor sem quase ter freqüentado a escola: conhecias como poucos a arte de deformar verdades feitas. Ao mesmo instante, tu entendias demais da miséria humana, da pequenez de tantos pobres diabos que rastejam seu cotidiano sob o sol lá do nosso sertão. Por isso, meu velho, jamais possuíste qualquer sentimento mesquinho contra quem quer que fosse e jamais praticaste qualquer ação reprovável em tuas empreitadas pela vida. Jamais foste vencido pela inveja, pelo ódio, pela cupidez, em tempo nenhum por motivo nenhum. Viver pobre, mas em paz com a própria consciência, era o teu paradigma da vida confortável.
Então, meu mestre, brincando com os meus sonhos e dormindo dentro da minha alma, nos mínimos detalhes, reafirmas para todos que não existe morte, na exata medida em que continuas comigo, seja no pranto ou no gozo, “vivemos juntos e dois/ Com um acordo íntimo/ Como a mão direita e a esquerda”, tal qual no fragmento de Pessoa. O que existe, meu velho, é o lado direito e avesso da mesma e indivisível vida, e é exatamente isso que nos une e nos concede a esperança de, outra vez e sempre, estarmos juntos para o recomeço.
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LAPADINHAS
- Ao Mestre com Carinho (To Sir, With Love) é, para muitos críticos de cinema, o filme que melhor ressalta o trabalho do ator Sidney Poitier, que interpreta o professor Mark Thackeray, um engenheiro desempregado que resolve dar aulas em Londres, no bairro operário de East End. Vale a pena conferir!
- Onde estão as meninas do nosso curso que até agora não postaram nada? Precisamos saber o que anda pensando o universo feminino do jornalismo 2008.1 da UEPB !
- Ficam aqui o registro e a sugestão: o que vocês acham de criarmos uma divisão rotativa quanto à produção do blog? Explicando: cada um de nós ficaria responsável por postar em determinado dia, havendo assim uma rotatividade que, a meu ver, tanto é imprescindível quanto produtiva. Evidentemente, que, havendo assunto e conteúdo para serem postados, poderíamos publicar a qualquer hora. Mas com essa divisão, acredito, colocaríamos o 'Enfoques', de uma vez por todas, pra frente. Espero comentários!
- Outra sugestão: o que acham de iniciarmos o programa na rádio com uma discussão sobre cultura popular? Para isso, pensei em chamarmos Sebá para uma espécie de entrevista sobre o tema e, a partir daí, iríamos conduzindo essa espécie de mesa-redonda. Creio que, devido à grande abrangência do tema, poderíamos dedicar os dois primeiros programas discutindo essas questões, convidando outra pessoa para debater conosco. O que acham?
- "Não chora, não chora, não chora! Não chora, não chora, não chora! Não chora, não chora, não chora! Segunda divisão! " ou "Cazá, cazá, cazá, cazá, cazá. A turma é mesmo boa. É mesmo da fuzarca. Sport! Sport! Sport! " Decidam qual o melhor!
Leonardo Queiroga, atendendo ainda por "Charlis", "CL" ou pelo deplorável "De la Viega"
3 comentários:
1- Pela ínfima parte que me toca, no texto, muito agradecido.
2- Saudoso como um cão que perdeu a mudança (no bom sentido).
3- Gosto da idéia da rotatividade. Me candidato aos textos das quintas-feiras (gosto das quintas).
4- Sugeriram que mudássemos o layout do blog... Vou fazer mais algumas tentativas.
Agora vem a mim o sentimento que Sidney define como "a inveja de não ter pensado nisso", belíssimo texto Charlis sua história de vda com seu avô nos traz um sentimento que conforta e fortalece com extrema serenidade. Quanto as sugestões concordo e tenho outra, "lapadinhas" poderia ser um dos quadros do programa da rádio, encerraríamos o programa esculhambando ou não com aquela personalidade, local ou não, que tenho feito sua merlim* semanal.
Grande Carlos Miguel... Aos nossos mestres, pais e avos, todos eles com suas grandiosas contribuicoes na nossa formacao.
Boas sugestoes... acredito que o problema da rotatividade seria exatamente o bom funcionamento desta, pois precisariamos de um certo 'profissionalismo' para que nao faltassemos com os prazos. Nesse sentido falo tambem por mim, nao sou muito de datas.
Mas acho que devemos tentar, vai que da certo.
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